Doença genética do foro ortopédico e com uma importante componente hereditária, que poderá tornar-se incapacitante, especialmente se os animais afectados não forem sujeitos a um maneio adequado por forma a controlar a evolução do problema. Caracteriza-se por uma má inserção da cabeça do fémur no acetábulo (anca), que tende a originar deformação óssea. Quanto mais grave for, mais dificuldades de locomoção o cão poderá ter. Em casos extremos, as dores serão tão fortes que os animais não conseguirão ter uma vida normal. Não é recomendável a administração de anti-inflamatórios por sistema, porque a ausência de dor poderá levar o animal a movimentar-se e correr mais do que o desejável, agravando a sua condição. Em casos muito graves, poderá ser necessária uma intervenção cirúrgica - muito dispendiosa, implicando reabilitação com fisioterapia e o confinamento do cão, durante semanas ou até meses, a um espaço exíguo com o mínimo de movimentação possível. A prática da natação é recomendada para melhorar as condições de vida desses animais e também para prevenir um eventual aparecimento de displasia ou agravamento de uma já existente. Da mesma forma, suplementos como os sulfatos de condroitina e de glucosamina ajudam a prevenir e a reparar uma artrose resultante de uma displasia e outros problemas do esqueleto ou das articulações.
Algumas pessoas afirmam que conseguem detectar qualquer cão displásico só pela simples observação da sua postura e andamentos. No entanto, se em muitos casos a instabilidade e fragilidade dos membros posteriores motivada por uma displasia grave é evidente, há também muitos cães (cerca de 80%, segundo estudos científicos efectuados) que têm um grau considerável de displasia sem jamais manifestarem quaisquer sinais clínicos, tendo uma vida absolutamente normal. Somente um exame radiográfico permitirá determinar se o animal é ou não displásico e, em caso afirmativo, qual o grau de displasia. Este varia entre A (ausência de displasia) e E (displasia grave). Com a idade, a doença tende a agravar-se, especialmente se não se tiver os cuidados preventivos básicos referidos. A displasia da anca tem uma forte componente hereditária mas pode desenvolver-se devido a factores ambientais diversos. Assim, se um cachorro que tiver propensão para ser displásico crescer em condições adversas (alimentação pobre ou excessivamente rica em proteína e gordura, excesso de alimentação, excesso de exercício físico, quedas, pavimento escorregadio, entre outras), terá grandes probabilidades de desenvolver displasia. Para averiguar se ele tem propensão para desenvolver displasia da anca, poderá levá-lo a um veterinário que tenha certificação própria para realizar rastreio precoce da doença pelo método PennHIP, a partir das dezasseis semanas de idade. Caso esse exame revele tendência para desenvolver doença articular degenerativa, deverá restringir o exercício físico até o cachorro atingir doze meses e administrar-lhe os suplementos atrás referidos. Quando ele tiver dezoito meses, deverá proceder ao rastreio pelo método convencional, para saber qual a condição actual do seu cão.
(texto retirado do livro "Cuidar do Cão da Serra da Estrela / Rearing the Estrela Mountain Dog", de Manuela Paraíso)
Radiografia de ancas normais (A-A)
Radiografia de ancas displásicas (D-E)
O controlo sistemático da displasia da anca é, desde sempre, um dos pontos obrigatórios do nosso programa de melhoramento da raça. Leia mais.